quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Carta ao Comando Nacional

Para Wagner Freitas
Presidente Contraf/Cut
Coordenador do Comando Nacional

Com solicitação de reprodução e encaminhamento para todos os membros do Comando Nacional

Companheiros desde o último dia 30 de setembro, iniciamos a partir de vários estados, uma das maiores greves nacionais da categoria bancária dos últimos anos.

Apesar de suas desigualdades regionais e de bancos, temos uma das greves mais fortes da história na CEF em todo país, uma greve muito importante no BB e uma das melhores situações, apesar dos problemas de organização e insegurança em privados.

Ao mesmo tempo, a lentidão da campanha determinada pela política do Comando Nacional da Contraf-CUT, acabou fazendo com que nossa greve nacional tivesse seu pico de desenvolvimento exatamente no momento da pior crise do sistema financeiro mundial das ultimas décadas.

Isso gerou uma situação contraditória. Ao mesmo tempo que colocou as negociações em patamares mais difíceis gera muito instabilidade para o próprio sistema financeiro no Brasil, com a crise se expressando dia a dia e os bancários na rua reivindicando salários.

Além disso, explicita o quão a política dos governos em todo o mundo, e também de Lula no Brasil é pró agiotas e especuladores "oficiais". Enquanto queimam bilhões para salvar os bancos para os trabalhadores nada.

Aqui em nosso país isso se evidencia com a categoria bancária em greve, negativas sistemáticas de apresentação de propostas enquanto dia a dia liberam as comportas do dinheiro público para cobrir os rombos das grandes empresas e bancos.

Neste quadro se insere a instalação do dissídio coletivo pelo TRT SP com suas liminares anti greves e a audiência de conciliação realizada ontem. Procuram jogar confusão e medo sobre os grevistas para nos fragilizar e ai apresentarem uma proposta muito rebaixada, seja em relação as nossas reivindicações seja em relação à força da greve.

Assim vão tentar acabar com a greve nos próximos dias.Garantir a Unidade Nacional e a Democracia é o nosso desafioApesar de todas as divergências que estabelecemos durante todo o processo da construção da campanha salarial fazemos um chamado aos companheiros : manter a unidade da categoria, a democracia nas instâncias de direção, respeito as assembléias de base e defesa das reivindicações da categoria e do direito de greve.

Neste sentido, consideramos um erro o acordo aceito pelo presidente do Sindicato de São Paulo ontem na audiência de conciliação do TRT.

Na verdade a aceitação da proposta do TRT pode levar o movimento para um beco sem saída. Se não tiver proposta boa dos banqueiros, que ao mesmo tempo contemple as questões especificas do BB e da CEF a suspensão do movimento seria um desastre irremediável. Além do que, ao aceitar a discussão no TRT, subordina o conjunto do movimento nacional a política de São Paulo, melhor dizendo do presidente de um Sindicato, na medida que nem mesmo a diretoria do Sindicato de São Paulo foi consultada formalmente antes da aceitação da proposta.

No dia de ontem expressamos nossa disposição como dirigentes da Conlutas, de participar da reunião do Comando de hoje, em nome de nossos sindicatos e de nossa Central para discutir a política para o movimento.

A resposta que nos foi dada é que não poderíamos participar como Central. Entendemos essa posição como equivocada por não buscar construir a unidade na luta, independente das divergências, em um momento delicado dos encaminhamentos de nossa greve bem como por não respeitar de fato a concepção de liberdade e autonomia sindical.

Mesmo assim queremos contribuir para o debate encaminhando essa sintética avaliação que fazemos do momento que vivemos.

Que o Comando hoje se posicione por:

1 - a continuidade ou não da greve não esta subordinada a audiência de conciliação de ontem;

2 - a categoria reafirma a continuidade da greve caso a Fenaban e o governo não atendam o conjunto das reivindicações da categoria bem como as pautas especificas dos Bancos públicos;

3 - o não desconto de nenhum dia de greve em todo o país e nenhum tipo de punição aos grevistas;

4 - a defesa do direito de greve e não intervenção do estado em nossas negociações.

São Paulo, 15 de outubro de 2008

Dirceu Travesso
Coordenação Nacional de Lutas - Conlutas

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